quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

"Estou em um estado muito novo e verdadeiro, curioso de si mesmo, tão atraente e pessoal a ponto de não poder pintá-lo ou escrevê-lo."


Se Clarice Lispector teve um dia dentro de si algo que se acreditasse incapaz de traduzir na sua arte, perdôo-me por ontem, com as mãos trêmulas e o pensamento fracassado em tentar idealizar tudo que em mim se configura como o sofrimento que eu não tenho e a complacência que não enxergo, ter simplesmente desistido da arte que se faria ali faltando-lhe ser artística.

De Heráclito a Clarice, dela para mim. Um instante vive fazendo do anterior passado sendo, simultaneamente, devorado pelo próximo. A verdade é que a efemeridade de tudo aquilo que em algum momento é, instala-se no que faz parte do que "somos" (?). Torna-se ali, no instante efêmero, eternidade.

Um instante voluptuoso, angustiante e terno a ponto de não poder artisticá-lo, infinito.