A superioridade estruturada em polegares opositores atrás dos olhos que enxergam pouquíssimo além de um “papel civil”. Seres humanos por assim se afirmarem sob a massa encefálica, em desenvolverem os métodos e técnicas viabilizados pela literatura registrada. Civilizados, organizados, sistematizados, estruturados em... Sociedade?
A tecnologia nos permitiu o inalcançável na qualidade e na oportunidade de vida tal como viabilizou genocídios instantâneos. As relações de troca, antes um compartilhamento de recursos originário de acordos mutualistas, se desenvolveu no modelo econômico explorador e essencialmente competitivo que rege hoje “sociedades” ricas em miséria.
E torna-se pertinente discutir qual é a definição de humanidade e o que nos difere dos demais animais. Os domínios que desenvolvemos sobre determinadas técnicas são os principais recursos que nossas características biológicas de seres humanos nos permitiram. Por outro lado, tais recursos foram, em grande parte, utilizados para garantir a elevação dos pedestais elitizados às custas da marginalização da maioria esmagadora da população.
As relações de sociedade foram tomadas por comensalismo, competição e parasitismo. Não há a divisão de tarefas na luta por um bem comum que é compartilhado e devidamente entregue como fruto de esforço, tão pouco se estabelecem objetivos semelhantes entre os setores em que nos dividimos. A competição acirrada na ambição de se garantir cada vez mais e mais posses e poder nos classifica como parasitas e comensais.
Reduzidos à mera condição de animais justamente pelos recursos de que gozamos para nos distanciarmos de tal condição. Antes estivesse eu falando unicamente das pessoas que defecam, comem e dormem nas ruas. Há, antes disso, a disfunção da massa encefálica, dos polegares opositores, ou de ambos nos homens que batalham pela 23ª casa sem terem ido muito além do portão blindado do único imóvel que ocupam.
A diversidade dentro da humanidade é extremamente necessária ao convívio no sentido de estimular progresso por meio da ambição competitiva e estabelecer relações entre indivíduos que podem oferecer aprendizado e experiências aos participantes. No entanto, o modelo atual tem deixado partes do que seria a sociedade sob os pés da elite priorizada, mantendo disparidades e congelando o progresso geral.
A História se conduziu, até hoje, na alternância de modelos extremistas em todos os ramos da “sociedade”. Há de chegar o momento em que um número suficiente de pessoas note a semelhança indiscutível entre todos os seres humanos e saiba usufruir das diversidades convertendo-as para ferramentas de progresso em comunhão. Há de chegar o momento em que a indigência se intitule “Apocalíptico”, “Paranormal” ou “Desumanidade” ao invés de “Cotidiano” nos cadernos de nossos jornais mais bem-conceituados.
Por Adriana Kimura.
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