Há aproximadamente 10 mil anos, o mundo da coerência biológica deixava que governasse a natureza selvagem e singela do nomadismo na ausência de um sistema social definido. O comando era do tempo palingenésico, a ameaça das pestes e pragas, a ocupação essencialmente por se manter a vida dia após dia. Posteriormente, o domínio sobre técnicas de produção de alimentos, a introdução das relações de troca, o conhecimento da escrita e o desenvolvimento da ciência foram transformando a humanidade, paulatinamente, no que constitui hoje uma rígida estrutura social na qual cada indivíduo é apenas participante do sistema.
As técnicas agropecuárias foram o primeiro sinal de domínio da natureza pelo homem que aprendia a utilizá-la em prol de si. Tais técnicas foram transmitidas de geração para geração e explicadas, mais tarde, pela ciência. A escrita tornou-se veículo de toda uma bagagem de conhecimentos e descobertas de grandes gênios que perpetuaram suas obras nos registros e documentos históricos. O comércio surgiu pelas trocas que se faziam de acordo com os interesses e posses de cada um. Essa situação foi, cada dia mais, cobrando a formação de uma estrutura social baseada na divisão do trabalho. Cada camada social passou a desempenhar determinado papel para servir à humanidade como todo.
O sistema garante a manutenção dessa grande máquina chamada sociedade. Ele fiscaliza o funcionamento de cada pequena engrenagem, certificando-se de que as pessoas, ao menos em sua grande maioria, sejam mantidas exercendo suas respectivas funções para a geração de riquezas que permitem o poder do Poder, o conforto da elite e a alienação e conformismo dos que servem a essa elite e obedecem a esse Poder. O topo que lucra sobre toda essa estrutura conta com muitos recursos para manter a atividade e combater as revoltas dos subalternos. Geralmente, a manipulação de informações é o mais comum deles.
O acesso à informação e a formação de opiniões são os recursos para a consolidação dos direitos de cidadania e para a formação de identidades pessoais e culturais. A quantidade e a qualidade de informação e a força de opinião classificam os cidadãos entre detentores do Poder e participantes submissos do Sistema. As falhas no sistema midiático, resultantes da lógica de mercado e das ideologias dos condutores da informação, são responsáveis pela formação de indivíduos conformados com a desigualdade que se apresenta no país.
A televisão, que atualmente faz parte das posses da maioria esmagadora dos brasileiros, é o principal veículo de “informação”. Programas sensacionalistas, reality shows, noticiários partidários, novelas adestradoras, propagandas para vender produtos e idéias, religiosidade do conformismo. Até mesmo os jornais e revistas mais bem conceituados apresentam visões tendenciosas originárias dos produtores das notícias. Atualmente, faz-se necessário ensinar os leitores a de fato ler para que haja o acesso à verdadeira informação que proporciona uma formação crítica e independente de caminhos já traçados para trilhar.
A partir do momento em que as pessoas começarem a notar os benefícios que a utilização inteligente de informações proporciona, o conhecimento tornar-se-á viciante e os instrumentos de massificação perderão gradativamente seu valor enquanto ditadores das verdades universais. O estímulo planejado à leitura instruída e crítica aos jovens é o primeiro passo para grandes e inúmeras mudanças no sistema social que nos rege.
Os jornalistas têm como objetivo, não só a informação, mas também acabam por expressar suas visões de mundo e necessitam de chamar a atenção do público. Cabe aos leitores bem instruídos diferenciar a verdadeira informação dos recursos argumentativos e comentários tendenciosos de uma notícia. É a partir de diferentes visões e esclarecimentos lidos, vistos, ouvidos e pesquisados que o leitor formará suas próprias posições a cerca de determinado assunto.
Fala-se na posição do jornalista enquanto transportador de informações objetivo e neutro quanto ao que é noticiado. De fato, os jornalistas devem ter consciência da verdadeira função do jornalismo, que é o vínculo com a sociedade, a cultura e o interesse público. No entanto, a apresentação da visão do jornalista é quase que inevitável, considerando-se que ele, como qualquer outro ser humano, possui uma formação ideológica, crenças e experiências de vida.
Principalmente nos dias de hoje, a participação dos que não são jornalistas na divulgação de informações é bastante acessível. Debates e outras formulações surgem cada vez em maior número na internet. Tornam-se inúmeras as fontes para a obtenção de informações, o que permite a coleção de diversos discursos que, combinados a uma leitura inteligente e crítica, podem motivar grandes feitos e significativas mudanças em muitos aspectos.
A habilitação dos cidadãos a viver de modo consciente e produtivo possibilitaria ao povo a percepção de uma força que ele tem, mas não utiliza por crer nas verdades conduzidas pela elite (Verdades: mentiras muito bem contadas, sustentadas por lideranças persuasivas e alimentadas pelo conforto da alienação). Mantém-se, hoje, a desigualdade social com o desfalque na educação e no acesso à informação tal como se construíram o nazifacismo e a Santa Inquisição, por exemplo.
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Conseguir esse feito, como uma única jornalista, será impossível. Apesar de não existir nenhuma proposta de mudança, sua análise é fantástica e extremamente Marxista, diga-se de passagem. Isso sim faz alguém escolher uma profissão. Se eu fizesse um texto com mesmo intuito que o seu, eu colocaria a mesma importância que você colocou na informação, nos processos econômicos. Por isso faremos cursos diferentes. Mas a maturidade tem que partir de agora, para entendermos que a dificuldade de mudar a estrutura arcaica, tanto na emissão de informação quanto no cenário econômico, é gerada pela política... E esta, por sua vez, traz para discussão outros argumentos, mais infantis e românticos.Por isso Marx disse, quando se refere à Economia Política: "No campo da Economia Política, a livre pesquisa científica depara-se não só com o mesmo inimigo que em todos os outros campos. A natureza peculiar do material que ela aborda chama ao campo de batalha as paixões mais violentas, mesquinhas e odiosas do coração humano, as fúrias do interesse privado." Pois eu acho que essa frase se adequa à qualquer crítica, de qualquer campo, que envolvam política... Seja o campo Midiático, ou o Econômico. Seja responsabilidade do orgão que estão tentando criar para regular a emissão de informação, ou da responsabilidade do Ministro da Fazendo. No fundo, temos informações recebidas de maneira parecida, e abordamos ou procuramos soluções juntos... Cada um em um campo, e o que nos freia é a política. Marx abordava Economia e por isso quando tratava dela como política, afirmava o que citei. Por isso, essa (a Política) tem de ser do conhecimento de todos nós. Se não, seremos economistas ou jornalistas, tão completos como um engenheiro... Faremos teorias ou textos para alguém, sem direcionamento algum, assim como um engenheiro faz pontes, sem saber o porquê.
ResponderExcluirConcordo com o João.. Marxista mesmo..
ResponderExcluirE esse primeiro parágrafo pesado aí ? hahah
Parece que eu já li esse texto. Aliás, parece que você já me conversou esse texto, se é que me entende.
Bauru ?
Haha, eu diria hoje, marxista do ponto de vista crítico. Fez uma analise para informação se sustentando nas mazelas do sistema como um todo. A solução que ela propõe valoriza horrores o indivíduo (uma valorização extremamente benéfica e não-egoísta), por isso não quer dizer que por criticar de uma perspectiva marxista, você seja uma. Eu estigmatizava muito os engenheiros quando escrevi isso, mas sabemos que é verdade que muitos se preocupam mais com o que vão fazer do que pra quê vão fazer... Talvez por isso tenha feito sentido... =]
ResponderExcluirBauru.